terça-feira, 4 de agosto de 2015

Os abutres e as hienas


O facto de o Benfica ser um clube de matriz democrática, onde os adeptos têm liberdade para se expressar sem que o presidente lhes mova processos em tribunal ou organize AG para os expulsar, tem destas coisas.

Na sequência de uma pré-época com resultados – chamemos-lhes assim – "tradicionais", os adeptos do Benfica reagiram "tradicionalmente", ora expressando legítima preocupação, o que é natural, ora exigindo a cabeça do presidente, o que também é muito típico, sobretudo em vésperas de eleições.

Estes últimos são tão típicos que até estão tipificados no léxico encarnado: são os conhecidos abutres. Os abutres, que ao longe até podem parecer águias a um olho mais desatento, são na verdade uma espécie que se alimenta do fracasso de outras. Ei-los aí a rondar, torcendo por um desaire do Benfica que lhes permita colher benefícios que garantam a sua subsistência.

Quanto a estes, estamos mais ou menos descansados, porquanto a direcção que está hoje no poleiro está longe de estar moribunda. Mesmo na desagradável eventualidade de a águia terminar esta época sem trazer nenhum troféu para o ninho, cremos que Vieira tem obra feita e crédito suficiente para aguentar nas urnas essa frustração episódica.

Mas eis que vemos juntar-se aos abutres aquilo a que vamos aqui chamar hienas. As hienas, que não são aves como nós, pertencem ao clube dos quadrúpedes. As hienas também torcem pelo nosso insucesso. Num determinado momento, elas e os abutres parecem da mesma equipa: o Anti-Benfica. Conseguimos ouvir as suas risadas em momentos de infelicidade. Se formos a ver bem, é o único momento em que conseguem rir-se, já que parecem incapazes de caçar sozinhas o que quer que seja, preferindo sempre os restos de outros animais, ou roubar qualquer coisa a outros.

Ela aí estão já a rir-se, não vá dar-se o caso de não terem mais oportunidades. As hienas, que na ausência de carninha sobrevivem comendo os excrementos dos outros, exultam com a perspectiva de um insucesso benfiquista que as deixe sozinhas com os do Norte na luta pelas benesses de Proença.

É por isto que devemos dar ouvidos a Salvio: "Temos de estar mais unidos do que nunca." A tarefa de Vitória (suceder ao mais titulado treinador de sempre) já é suficientemente complicada, não queiram ser os próprios benfiquistas a complicar ainda mais o caminho.