quinta-feira, 12 de junho de 2014
Palmas para Vieira
Sim, senhor, foi bonito ver. Sem se sujar, sem nunca se envolver no lodaçal que constituiu esta disputa eleitoral pelos órgãos sociais da Liga de Clubes, o presidente do Benfica soube levar com mestria a água ao seu moinho. Goste-se ou não do homem, há que lhe tirar o chapéu nesta.
O lado negro do futebol português, que vinha tentando há meses destituir Mário Figueiredo, apostava forte neste acto eleitoral para recuperar o poder. Jogando em vários tabuleiros, as forças do mal foram apresentando várias candidaturas no sentido de perceber qual poderia ser a que reunia mais apoios. Isto deu-lhes a ideia de que seriam favas contadas... e facilitaram.
Mário Figueiredo, o presidente que havia afrontado a todo-poderosa Olivedesportos, liderava a única lista que não tinha como objectivo defender os interesses do submundo que se alimenta das receitas da actividade empresarial de Joaquim Oliveira. Seria o candidato óbvio para o Benfica apoiar, mas nunca se ouviu da Luz uma manifestação de declarado apoio. Não seria com vinagre que se iriam apanhar as moscas.
Enquanto isso, Seara ia-se perfilando como o trunfo mais forte dos salteadores do poder. O homem que janta com Joaquim Oliveira e Pinto da Costa nas noites em que o Benfica perde tinha conseguido aglutinar em torno de si gente séria como Rui Rangel, o juiz dos calotes, e o apreciador de uísque Filipe Soares Franco. Bruno de Carvalho ficou doido com este saco de gatos. O presidente do Sporting, que não consegue vender a sua banha da cobra a ninguém, pois toda a gente sabe que o SCP tem tanta força como um Sporting Farense, confundiu Seara e Rangel com o Benfica e denunciou um pacto secreto deste com o rival do Norte.
Rangel, que anda desesperado por um tacho que o ajude a pagar as dívidas que tem, não gostou de ser informado do que se passava no jantar de Seara com Pinto da Costa no Sheraton do Porto e encetou uma fuga para a frente: avançou com a candidatura de Seara e feriu-a de morte. O juiz não fica bem na fotografia. Nem no papel de anjinho, nem no de despeitado. (Pensar que recolheu 3 mil votos para presidir ao maior clube do mundo é assustador.)
Chega-se ao fim do prazo para entregar as listas com a candidatura duplicada de Seara, a do vice-rei da Madeira e a do presidente cessante. É altura de entrar em campo um ex-jogador do Benfica que dá razão às velhas palavras de Vieira que falavam na importância de ter lugares na Liga. O presidente da Mesa da Assembleia Geral, antigo defesa encarnado, desarma as candidaturas do adversário com limpeza e faz a assistência para o golo de Mário Figueiredo, que só tem de empurrar a bola. É golo do Benfica.
Depois do triplo triunfo no relvado, Vieira, com muita classe, bate Pinto da Costa num terreno que este costumava dominar. Quer isto dizer que está definitivamente aberto um novo ciclo no futebol português?
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